segunda-feira, 1 de março de 2010

Filosofia

Delineando a metafísica de Platão, Descartes, Kant e Heidegger


Escrito Por Katiano Picinini

Platão (428 – 348 a.C) é um pensador que merece grande destaque, pois ele é responsável por toda uma metafísica ocidental. Metafisicamente falando, o escrito programático da Academia platônica, é que todo o conhecimento humano não se reduz ao conhecimento empírico (experiência) através dos sentidos, mas sim, ao pensamento conceitual. Para Platão, o fundamento da verdade não é o mundo empírico, mas o mundo do pensamento (que capta a estrutura racional da coisa, sua essência), no qual, Platão denominou o Mundo das Idéias, que está contido a essência de todas as coisas e está muito além de nós naturalistas (possível via intelectiva). A verdade, para Platão, encontrou um princípio de certeza na alma humana, em forma de conceito e não nas coisas (metaforicamente as sombras da caverna, sendo o Mundo Sensível / Imperfeito). Assim, a atividade ou o movimento noético (busca da verdade última do ser) é que gera a verdade da coisa, onde para Platão é possível fundar o intelecto na própria alma humana, na qual, forma-se um elo entre a alma humana e a Verdade. Portanto, para Platão é o intelecto é aquele que desvela a verdade, sendo no eidos (nas Idéias) que se situa a verdade da coisa e isso se dá através do movimento intelectivo ou noético que gera essa verdade, ou seja, a essência de cada coisa. Para Platão, o hipokeímenon, seria aquilo que se encontra sob o ente, ou seja, nossa realidade (m. sensível) é sustentada por o mundo verdadeiro, o Mundo das essências (M. das Idéias: no qual as almas antes de habitarem o m. sensível conheciam as coisas inteligíveis). Assim, nossa cultura ocidental foi constituída por essa dicotomia entre o M. das essências ou M. das Idéias (contêm as infinitas essências de todas as coisas) e o M. das aparências, sendo esse último mimesis (cópia) do M. das idéias. A alma só é se ela é em seu logos, ou seja, quando ela defini. Platão é um pensador de extrema importância, onde influenciou toda uma cultura ocidental, que mais tarde será criticado por alguns pensadores contemporâneos, como por exemplo Nietzsche, no séc. XIX. Platão deu grande influência ao cristianismo, essencialmente com a era da Patrística, como por exemplo à influência na concepção agostiniana. Aristóteles discípulo de Platão, denominou que para que um corpo estivesse em movimento, necessitaria do motor imóvel, responsável pelo movimento desse corpo. Assim, como a concepção filosófica de Platão influenciou a de Agostinho, a de Aristóteles teve grande mérito em Tomás de Aquino (séc. XIII).

Já com Descartes na modernidade, o senhor e dominador de todo o conhecimento, aquele que imprime no mundo as formas é o Cogito (autoconsciência). Pois para a filosofia cartesiana, a metafísica é uma metafísica do conhecimento, que se dá no Cogito, sendo uma estrutura epistemica. O Cogito é a grande estrutura cartesiana de todo o edifício do conhecimento. Com Descartes, na linha da epistemologia, o Cogito é o princípio de certeza, onde não é mais necessário de remeter um heteros divino, mas o Cogito é causa sui. Na linha da Ontologia, é igual aos medievais, ou seja, Deus é responsável pela autopreservacão e garantidor de todos os seres finitos.

Com Kant, sendo ele o coroador da modernidade (séc. XVIII), o principio de certeza é o “eu penso”. O “eu penso” kantiano é a estrutura de todo conhecimento. Kant delimitou até onde o ser humano pode conhecer. Assim, a metafísica kantiana é uma metafísica das aparências (o fenômeno). Assim, o sujeito kantiano está constituído pelo “eu” estético e o “eu” lógico. Para Kant, o ser humano não pode conhecer Deus, pois Ele não faz parte nem do tempo e nem do espaço, mas o ser humano tem por obrigação pensá-lo.

Até Kant, se constituiu um princípio de certeza. A partir do ateísmo nietzschiano no século XIX, vemos que as referências metafísicas caem por terra. Segundo nosso filósofo alemão Nietzsche, Deus morre e as tábuas dos valores se rompem. Já com a concepção heideggeriana, não se tem mais um princípio de certeza e nem precisa. A grande crítica de Heidegger à metafísica tradicional é o esquecimento do ser, ou seja, para Heidegger desde Platão, pensavam que estavam fazendo uma ontologia ontológica, mas fizeram uma ontologia ôntica, ou seja, centrou-se no seres e como conseqüência o esquecimento do ser. O dasein na concepção heideggeriana, é o ser lançado no mundo, sendo o único capaz de uma investigação sobre o sentido do ser, vítima do esquecimento tradicional ocidental. Enquanto para Platão, a alma humana, para Descartes, o Cogito e para Kant o “eu penso”, era o princípio de certeza e a busca da verdade estava fora do mundo, com Heidegger o horizonte é o mundo, ou seja, não existe uma relação sujeito – mundo, agora é o dasein o ser-aí no mundo. Assim, a pós-modernidade é a não definição. Hoje diante de tantos mecanismos, não conseguimos mais ter um princípio de certeza e de garantia para a vida humana, ao contrário, o que rege a vida humana é o grande vazio.

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